GLOBO.COM CONTA A HISTORIA DE AL PACINO
11/02/2008 - No portal de noticias Globo.com, foi veiculada uma matéria que conta a história trágica de "BOB", a materia na integra pode ser lida diretamente no site:
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL277878-5598,00-CAES+CAMPEOES+LEVAM+VIDA+DE+ATLETA.html
Cashasha Con Limon corre seis quilômetros de segunda a sexta-feira. Além disso, faz natação, musculação e uma série de treinamentos. O husky siberiano venceu o ranking da Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) e foi eleito o Melhor Cão do Brasil de 2007. “É um trabalho rigoroso”, afirma Tony Noronha, dono do animal e do canil Tunghat’s. “A vida desses cães é como se fosse a de um atleta”, atesta Marco Flávio Botelho, dono do Beagle Mac Bacc Alfa, o quinto colocado na lista.
Veja fotos dos cães eleitos os melhores do Brasil
Mais do que esforço físico, Anna Maria Dalle Rose, dona de Taurus, Dobermann
que ficou em segundo lugar no ranking, acredita que a sorte é um fator
fundamental. “É como ganhar na loteria! 80% do que é preciso nasce com o cão
e 20% é o que pode ser trabalhado”, afirma ela, que também é dona de Paco,
Pug que foi Campeão do Mundo em 2004.
Além da beleza e de ter todos os padrões exigidos da raça, é importante
saber identificar um cão com potencial para ser campeão logo filhote. Entre
as características principais, ele precisa ser social, alegre e ter atitude.
Os primeiros ensinamentos começam aos três meses de vida. É necessário
que o cão aprenda a andar com a guia, a ficar parado de modo correto para
poder ser avaliado pelos juízes nas competições e permanecer quieto para ser
fotografado. “Na estrutura do meu canil, além da criação, mantenho um resort
para cães. Todos são soltos diariamente, sempre acompanhados de um
treinador, que prepara uma atividade recreativa adequada a cada animal. Cash,
por exemplo, ama bolas”, detalha Tony.
O treinamento é apenas uma parte da história. Para se tornarem campeões,
os cães competem em exposições quase todos os finais de semana do ano – com
exceção para o mês de janeiro – e vão acumulando pontos.
Com isso, viagens - tanto pelo Brasil como para o exterior - são constantes
na vida dos animais. “As exposições são cansativas. Se o cachorro não tiver
um bom preparo físico, não rende”, fala Tony. “Às vezes, você viaja mais de
mil quilômetros e, no Brasil, muitos hotéis ainda não aceitam cães então já
dormi muitas vezes no carro”, relata Anna Maria.
Durante o treinamento de Cash, Tony usa iscas de fígado assado para
motivar o cão. “Além de serem saborosas, chamam a atenção devido ao forte
aroma”, explica. Para compensar o esforço, um mimo especial. “Instalamos em
nosso canil um sistema de som para tocar músicas calmantes – criadas por
Roberto Menescal - a fim de relaxar nossos amigos”, conta Tony.
No caso de Taurus, ele tem o privilégio de dormir em um colchão dentro de
casa. “Faço isso para que ele não tenha calos”, explica Anna. Além disso,
ela passa óleo de gengiroba e dá levedura de cerveja para o pêlo não queimar
com o sol e ficar bonito sempre. “Não é bom dar muitos banhos também. Uma
vez por mês já está bom. Não é uma raça com um cheiro muito forte”, ensina.
Em outubro de 2007, Roberto Rodrigues viajou com Al Pacino, seu Labrador de três anos, para uma exposição em Porto Rico. Na porta do hotel, o carro, que estava com o cachorro dentro, foi levado por um ladrão.
O veículo foi encontrado três dias depois e Al Pacino estava morto. “A
temperatura batia os 40º e todos os vidros estavam fechados”, relembra
Roberto. “O mais estranho é que nada de valor foi retirado do carro: máquina
fotográfica, carteira com dinheiro, mala com roupas”, completa.
Apesar da tragédia e, mesmo sem competir nos últimos dois meses de 2007, o
labrador ficou em quarto lugar no ranking. “Ele tinha uma longa carreira
pela frente”, diz o dono. O governo de Porto Rico pagou a cremação do
cachorro e a polícia do país ainda investiga o caso. “Al Pacino dormia na
minha cama. Estava comigo mais do que a minha própria esposa”, fala Roberto,
que gastou cinco mil reais em ligações para o Brasil enquanto estava no
exterior.
“Isso gerou um trauma muito grande. Fico nervoso e estressado quando tenho
que sair com os outros cães de carro. Não é uma situação confortável”,
comenta ele, que é dono do canil Summer Storm. “Nem quando minha mãe morreu
fiquei tão triste”, completa.
A maioria dos donos de campeões não gosta de falar em valores porque
temem seqüestros. A campanha de um cão durante um ano pode ultrapassar os R$
100 mil. Em alguns casos, os donos dos animais contratam
profissionais denominados ‘handler’, que são responsáveis por levar os cães
para exposições e apresentá-los aos juízes. O valor do trabalho chega a R$
1,5 mil por final de semana mais despesas como hospedagem e alimentação.
No entanto, ter um cão campeão além de trazer credibilidade para o criador,
desperta o interesse de compradores não apenas no Brasil como também no
exterior. “Neste ano exportamos 25 filhotes do Cash para países como EUA,
Tailândia, Canadá, Argentina, China e África do Sul”, conta Tony. Um filhote
do husky campeão custa US$ 1.500.
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