Sempre entendi e assim aprendi que labradores são cães esportivos, não é a toa que são chamados de “Gundogs” e pertencem no Mundo todo, ou seja, em todas as cinofilias aos grupos de cães de caça, ou se preferirem de cães esportivos.

    É certo, que um cão esportivo, imperiosamente necessita de muita energia, muita agilidade, isso contrasta, sobretudo com muito do que é visto hoje em dia principalmente na cinofilia Americana, uma vez que é o oposto disso, ou seja, o que vemos são cães demasiadamente pesados e lentos.

    É nesse sentido que claramente os “pais” da raça, os ingleses vem sinalizando já há algum tempo para o mundo. E não só eles! Já a mais de 10 anos Jack Vanderwck, autoridade máxima na raça na Bélgica escreveu um artigo intitulado: O QUE OS CRIADORES ESTÃO FAZENDO COM NOSSOS LABS? E PORQUÊ”, que pode ser lido neste link:

    Nesse artigo, que deve ser lido para maior compreensão do que seguirá abaixo, Jack fala a respeito dos cães estarem diminuindo de tamanho, e também ficando cada vez mais “pata curta”, ele já alertava a aquela altura, mais não indicava claramente vilões ou culpados.

    Anos se passaram, e a minha leitura pessoal e que a criação de labradores passa por um momento “perigoso” dentro do cenário mundial, ou seja, piorou nos últimos anos.

Os Americanos e sua cinofilia -

    Jack não apontou culpados, mas todo cinófilo estudioso sabe muito bem que a cinofilia americana afora ter grandes qualidades que são indiscutíveis, também sempre foi e é muito criticada por ter transformado raças tradicionais, como os Boxers e os Dobermans, isso só para citar dois exemplos claros, nesses dois casos os criadores puristas e tradicionais, os que gostam verdadeiramente da raça e lutam pela preservação dela como elas são há muitas décadas, entendem que os americanos estragaram essas raças, super “estilizando” os cães em termos de “desenho” tornando-os em linhas gerais, super angulados (principalmente de posterior), com cabeças leves, e principalmente com a diminuição da ossatura, transformando-os em cães mais leves, conseqüentemente mais frágeis, no entanto atingindo seu objetivo que era tornar os cães “mais show”, adaptando-os a seu propósito, ou seja, o mundo de exposições, que sem duvida e o melhor que o Americano sabe fazer: “shows” shows... e shows.... Porem com isso esquecendo e pondo de lado completamente o propósito para qual esses cães foram criadores, ou seja, a função deles, em detrimento da função original da raça o que vemos claramente nos últimos anos foi que o Dobermann e o Boxer nas Américas se tornaram extremamente estilizados, e nesse rol incluo o Brasil, já que embora sejamos filiados a FCI, a maioria das importações dos criadores vem da América do Norte, paises onde os cães são muito diferentes dos seus pares europeus, que são criados para serem funcionais, como o Standard da raça exige, e não somente cães para exposição.

    Toda a narrativa acima pode não ter nada a ver com Labradores, mas fiz questão de citar somente para registrar que os Americanos com sua exagerada “soberba”, como em tudo se sentindo os Reis do mundo, sempre se acharam também na criação de cães no direito de transformar raças tradicionais, apenas citei duas... Mas muitos seriam os exemplo que poderiam ser dados, em total desrespeito as suas origens.

Os Labs estão mudando de “Estilo”?  -

    No caso dos labs, venho me preocupando com o que tenho constatado pessoalmente e por sites de Internet, visualizando os cães americanos e os Europeus, e tratando de traçar uma comparação entre eles.

    Embora há algum tempo atrás eu jamais pensasse em admitir, já existe sim uma diferença a considerar entre cães ingleses e americanos, e esse “abismo” vem crescendo.

    Antes que alguém confunda as coisas vale um esclarecimento para os leigos que lêem este artigo: isso não tem nada a ver com a historia que usam aqui no Brasil para vender cães e dizem que o tipo e inglês, e o outro mais fino (sem substancia nenhuma) ser o “tipo” americano e tal.

    Nunca usei, e não vou usar o termo “Tipo” como muitos acham correto usar, pois como já deixei claro em artigos anteriores para mim não pode existir dois “tipos” de labs, porque tipo e exatamente o padrão racial, ou o cão temo tipo o não, caso não tenha tipicidade ele não é um Labrador, logo chamarei de “estilo”, pois entendo ser politicamente e tecnicamente mais correto.

    Hoje é evidente a existência de dois “estilos” de labs, um extremamente estilizado, caracterizados geralmente por serem extremamente pesados, com frentes exageradamente anguladas, algum evidenciado angulações absurdamente fechadas, com “peito de Pombo” ao invés da correta que é de 90º, extremamente obesos ou excessivamente pesados de ossatura, e de pelagem digamos "diferente" com muitas ondulações e mais volume de pelo, o que compõe para o leigo digamos assim cães com aparência mais “parruda”, pois geralmente tem ou excesso de profundidade de peito, ou mesmo as patas curtas, isso tudo unido a uma ossatura pesada demais e a obesidade... Está lá o cão a que me refiro, que tem serio prejuízo e comprometimento em sua habilidade para desenvolver a sua função, ou como preferirem a função para qual o mesmo foi concebido a mais de um século, agora neste momento uma tendência nos Estados Unidos da América e infelizmente em outros paises da América do Sul, inclusive o Brasil.

    Um cão excessivamente pesado tem comprometida a sua resistência aeróbica dentro da água, já que despende mais energia para permanecer dentro dela, e esse e apenas um dos exemplos, outro exemplo bem comum, e o que dizem alguns criadores, que um cão com pelagem ondulada tem melhor "pelagem" segundo eles, Bobagem!!!! dizem que esses teriam mais resistência ao frio, no entanto parecem ignorar também que eles terão maior resistência mecânica dentro da água ao nadarem, e que o importante no caso da pelagem NUNCA foi e NUNCA vai ser o comprimento do pelo (o que torna a pelagem ondulada) e sim o SUB- PELO, que e a lã que recobre o corpo dos labs, que e a verdadeira proteção dele contra a água gelada, o que lhe confere a característica de dupla pelagem impermeável.

    É preciso lembrar antes de continuar que a raça Labrador sempre foi considerada como uma raça Balanceada, “balance”... “Sound”, ou seja, onde qualquer exagero deveria ser evitado, lendo entrevistas de criadores em sites como o “Mi querido Labrador” na Argentina, talvez a frase mais lida seja esta, quando solicitados a definir um labrador os criadores a definem como cães assim, “Sound”.

    Eles têm plena razão, um labrador segundo o conceito dos criadores mais antigos e mais respeitados, é um cão sem exageros, um deles cita assim no seu livro: “Visualize um cão nem muito pesado e nem muito leve, nem muito gordo e nem muito magro, que tenha angulações medianas (normais) de anterior e posterior, que não seja curto e nem longo, que tenha pescoço, cabeça e cauda em tamanhos agradáveis em relação ao corpo” é fácil visualizar a figura de um labrador assim.