ENTREVISTA: REVISTA DOG WINNERS - ED.JUNHO-2009


Poderíamos estar melhor ainda se alguns interesses pessoais não fossem colocados acima da criação

 

O Engenheiro Elétrico Roberto e a Psicóloga Renata Rodrigues, são titulares dos canis Summer Storm e Blacklab, contam que foram somente proprietários de Labradores desde 1992 e depois decidiram começar uma criação séria, e, já em 2001 participavam ativamente das exposições da CBKC. Em 2002 ganharam o seu primeiro Ranking de Cães, sendo que a partir daí todos os vencedores de Ranking da CBKC são cães de sua criação ou propriedade, como: “JJ” # 1 do Brasil 2002, 2003 e 2004, “Emily” # 1 do Brasil 2005, “Bob” # 1 do Brasil 2006 e 2007 e “Pitu” # 1 do Brasil 2008 e 2009 (Ranking CBKC - Importados – apuração parcial de 10/05/2009), também venceram o Ranking de Criador da Raça no Dogshow 2004, e CBKC 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009* (apuração Parcial Dogshow 10/05/2009). “Nos últimos cinco anos sistematicamente nos classificamos entre os dez melhores canis do Brasil entre todas as raças, e em 2008 atingimos o mais alto nível de excelência. Nosso canil foi considerado o melhor canil entre todas as raças do Brasil, grau máximo na cinofilia nacional, colocação nunca antes alcançada por um canil de Labradores, conquista que nos encheu de orgulho e satisfação pelo trabalho reconhecido”, nos brinda Roberto. Ainda nos conta que não têm preferência alguma por cor, “quem ama a raça não pode ter, criamos as três cores, embora sejamos talvez mais reconhecidos pelo excelente trabalho com a cor chocolate, de certo graças à importação do exemplar Aquila´s Comedy of Errors,  “JJ”, que é  pai e avô de belíssimos exemplares, tal como “Bob”, “Emily”, “Melissa”, “Pitu”, “Emmy”, “Bebel”, entre outros ganhadores de rankings.

 

Os criadores acreditam que a raça está muito bem representada, não devendo absolutamente nada em qualidade a outros países. “Pela nossa amostragem, o que difere o Brasil da Europa e Estados Unidos e sem duvida o baixo numero de criadores sérios, sem duvida todos os criadores brasileiros éticos ainda enfrentam limitações que os europeus e americanos não têm, principalmente no tocante a disponibilidade financeira para fazer importações e também na disponibilidade de um vasto plantel de padreadores para utilização. Nos EUA, por exemplo, o volume de criadores sérios e tão grande que podemos fácil hoje destacar de forma sucinta mais de trinta excelentes padreadores a disposição, isso sem duvida torna a criação mais fácil, e sem duvida com melhores resultados a médio e longo prazo. Mesmo assim resguardadas nossas dificuldades, no nosso entender estamos muito bem, freqüentemente exemplares criados por nós e por outros criadores têm representado brilhantemente o Brasil em competições no exterior, o que denota a qualidade de nossos exemplares”, desabafa Roberto. E aproveita a oportunidade para homenagear dois grandes cães de sua propriedade e criação, o grande “Bob”, RS Al Pacino Summer Storm JJ, que infelizmente nos deixou muito precocemente após ser tragicamente morto em um assalto em Porto Rico, quando participava de uma exposição Internacional. “Bob” tornou-se o maior ícone da raça do Brasil, pois é o Labrador que mais venceu aqui em todos os tempos, em menos de dois anos de campanha: 273 vezes Melhor da Raça, 28 Best in Shows, que é um Recorde mundial. “Bob” obteve em sua curta carreira diversos títulos no exterior, foi também vencedor de BIS na exposição mais importante da América do Sul, KCU, realizada em Punta del Este em 2007. O outro e o “JJ”, Aquila´s Comedy of Errors, pai de “Bob” que é o segundo maior vencedor da raça no Brasil de todos os tempos, com 240 Melhor da Raça e 11 Best in Shows. “JJ”, que nos deixou recentemente, possuía um temperamento sem igual, e sem duvida foi o Labrador chocolate que redefiniu a cor no Brasil, tanto que é o único exemplar no país a possuir o titulo de Grande Campeão Padreador com dez filhos e quinze netos, Grande Campeões”.

 

Ainda nos relata que 100% do tempo seus cães vivem com eles, reforçam que não têm nada contra os handlers profissionais, mas definitivamente preferem os mesmos sempre ao seu lado, por isso a mais de cinco anos decidiram investir no aprendizado da arte de apresentar cães, e nesse sentido tiveram grande êxito. “Não existe prazer maior do que interagir com um cão em pista que você viu nascer, é um prazer sem igual, principalmente quando ele se torna um grande vencedor, por isso a interação tem que ser completa”. Seus exemplares compartilham o interior da casa em sistema de rodízio, e os que estão em campanha recebem uma suplementação para ajudar com o stress, além de acompanhamento diário da pelagem e estado físico. Todos os cães do plantel comem comida de igual qualidade, não importando se está ou não em campanha. Dos problemas existentes na raça consideram que a displasia coxofemoral é o mais grave, mas a prevenção é feita com o controle radiográfico do plantel. Mas se tratando de uma doença genética também multifatorial, nos ensina que é necessário que os proprietários atentem para o manejo adequado dos filhotes, o que pode ser decisivo na saúde adulta do exemplar. Cães que são mantidos na fase filhote e jovem excessivamente obesos ou que fazem exercícios forçados antes do sete meses, ou que são suplementados com cálcio, sobem escadas, e que tenham já uma predisposição genética fatalmente têm grande possibilidade de apresentarem sintomas graves da doença. E com o tempo podem apresentar sérias limitações para se movimentar, além de grande desconforto gerado pela dor, tornando o cão triste e em alguns casos até agressivo. Para Roberto e Renata o ideal e que o cão seja radiografado antes de um ano de idade, assim a doença pode ser diagnosticada precocemente, propiciando ao seu dono, com o auxilio do criador e de seus veterinários, traçar um protocolo de tratamento antes mesmo de o cão sentir dor ou desconforto, muitas vezes deixando até de apresentar os sintomas.

 

Os criadores complementam que o plantel nacional peca tecnicamente nas frentes ou anteriores, como em todo o mundo, e também nas pelagens, “hoje vemos muitos proprietários criando cães com pelagens extremamente onduladas, o que não é permitido pelo standard da raça, e nem confere uma pelagem correta, uma boa pelagem e constituída de um bom volume de pelos e sobre tudo por boa e consistente camada de subpelos”. No entanto o clima tropical de nosso país dificulta em boa parte do ano a possibilidade dos cães manterem a sua pelagem no auge, e isso deve ser relevado pelos julgadores, completam. E comercialmente, com a popularização da raça e sua fama de cão família, sendo freqüentemente usada na mídia e recentemente em filmes de Hollywood, a raça enfrenta uma criação amadora, oportunista e irresponsável, com criadores ocasionais que visam somente o lucro e que criam sem critério genético e de saúde, potencializando os problemas genéticos tais como Displasia, PRA, Entrópio e Ectrópio, sem falar na falta de tipicidade da raça, entre outras coisas. Também hoje, vêem a notada escassez de exemplares razoáveis na cor amarela, e acrescentam que nas exposições, raramente há exemplares desta cor, o que os levou a nos últimos dois anos a importar seis exemplares com novas linhas de sangue desta cor a fim de recomeçar a criação de amarelos no Brasil. “São milhares de experiências, todas inesquecíveis... Mas sem duvida o que leva qualquer pessoa a se apaixonar pela raça é o companheirismo, a amizade e a cumplicidade que os Labs têm com seus donos. São incansáveis na vontade de agradar as pessoas, meigos e brincalhões. E, sem duvida é a raça que tem o melhor caráter entre todas, não é a toa ser a mais utilizada como cães guias de deficiente visual, cães de assistência e cães de terapia, mostrando o porquê de nos EUA ser a raça preferida há mais de dezessete anos, sendo a mais criada segundo o American Kennel Club desde então.

 

Ficha Técnica:

Canil Summer Storm e BlackLab  (CBKC – FCI)

Site: http://www.summerstorm.com.br e http://www.blacklab.com.br

E-mail: filhote@blacklab.com.br