REFLEXÕES....


 

    14/09/2007 - A  criação de cães é para alguns meio de vida, para outros meio para ascensão social e para outros hobby, isso tudo na verdade pouco importa (é a nossa opinião), desde que o suposto criador esteja comprometido e sinta-se responsável com o futuro da raça que cria, em nosso caso a raça Labrador.

    Porem o que constatamos é que o fenômeno da internet, essa revolução digital que vivemos principalmente neste novo século, fez com que “todos” virassem criadores da noite para o dia, a maioria arroga-se “ser criador” e conhecedor de tudo. Não é difícil encontrar entre nós nas exposições, alguns “creadores” dissertando sobre pedigrees, ascendências/descendências, tudo decoradinho como se fosse uma lição de casa, algumas pessoas que presenciam isso até se impressionam verdadeiramente, pois determinados indivíduos fazem crer que na criação o que importa é entender de pedigrees, de linhas de sangue, como se isso por si só garantisse algum sucesso.

 Outros lêem livros de criadores estrangeiros, e passam a se arrogar os “maiores” conhecedores da raça, desdenhando vergonhosamente dos demais, que muitas vezes não tiveram a oportunidade e ler os mesmos livros, geralmente por dificuldades com a língua estrangeira, enfim...  estes ao invés de compartilhar o que sabem, preferem se desfazer dos demais, em atitude egoísta, pequena e quem em nada acrescenta a evolução coletiva da raça no Brasil.

 Admiramos estas pessoas, esclareço... tão somente e nada mais do que isso pela capacidade mental (memória) das mesmas, e nada mais, uma vez que a essa idéia dou o nome de criação “cibernética” ou “de cabeceira”.

 Esses coeficientes de COI, ai meu Deus...!!! me dão até arrepios!!! é COI pra cá... COI pra lá, isto tudo visando dar um ar de “inteligente” a essas criações, como se criar fosse matemática pura e simples, Ledo engano... na pratica isso só destrói a percepção do palpável, do real, do concreto, da formulinha simples que as tiazinhas que criavam labs a 80 anos atrás e graças a elas a raça existe hoje e foi preservada usavam, elas serviam uma boa fêmea, com um bom macho, sem formulas mirabolantes, sem pedigrees elaborados por softwares sofisticadíssimos, sem nenhuma solução das organizações  Tabajara.

 Estudar pedigrees é prudente, é necessário, mas será mesmo que não um certo exagero em tudo isso? Estas pessoas não estariam criando/dando a oportunidade de alguns “creadores” que de outra forma jamais sequer existiriam (nunca seriam notados), de parecerem aos olhos dos leigos seres especiais, verdadeiros gurus!!!,  ou seja, “sumidades” dentro da raça?

 Esse fenômeno ocorre muito na internet também, onde em sites de relacionamento indivíduos que nunca criaram nada de qualidade, ou mesmo sequer tiveram um par de ninhadas nos brindam com aulas sobre reprodução, tipicidade... enfim assuntos “supostamente” completamente “dominados” pelos mesmos.

 É evidente que não podemos generalizar, e não arrisco mencionar um numero, de quantos são os que realmente são apaixonados pela raça Labrador da mesma forma como sou, porem não sou matemático e nem quero nunca ser, não ignoro a importância de uma boa “leitura” nos pedigrees antes de acasalar qualquer dos meus cães, mas digo há controvérsias, ou não? Tem criadores que detestam inbreeding e outros detestam outcross e vice versa, eu, por exemplo, me utilizo dos dois métodos e confesso não estou convicto do que seja melhor (devido a isto serei crucificado?).

 Pode parecer que o assunto é sem importância, mas explico agora aonde quero chegar, será que por terem ideais de criação diferenciados, dois criadores tem que serem inimigos? Ou um verdadeiramente cria melhor do que o outro? Será que isso pode ser provado? Vamos exemplificar: o que será que a Kendall Herr acha dos métodos da Mary West? E vice versa? Pois ao que consta ambas tem princípios de criação bastante diferenciados, é correto? Isto torna uma melhor que a outra? Torna qualquer uma das duas a dona da verdade? Será que quando elas se encontram elas se “esbofeteiam”? ou seja embora não compartilhem das mesmas estratégias de criação, isto lhes obriga a serem inimigas? Porque não pode existir duas opiniões, e ambas serem respeitadas? Porque é assim aqui, porque aqui no Brasil tem que ser diferente? Quem não reza pela mesma cartilha tem que ser excomungado?

 Sinceramente não preciso e nem devo provar nada absolutamente a ninguém, meu trabalho como criador fala por si só, e não vou aqui fazer ninguém perder seu parco tempo com minha apresentação pessoal como Criador, de meu empenho, e de minha seriedade, tampouco é preciso convencer quem quer que seja de minha importância dentro da raça Labrador, não só como criador, mas como formador de opinião, como arbitro, e como ser pensante, não manipulável, dono de idéias próprias... mas aberto a qualquer discussão saudável, produtiva e engajada no objetivo principal que é a melhora do plantel nacional da raça Labrador, seja no aspecto da tipicidade, seja principalmente no aspecto da preservação da saúde dos animais criados por nós “criadores sérios”.

 Venho com muito esforço tentado corrigir alguns erros do passado, como por exemplo deixar de dar resposta a alguns supostos criadores que por vezes insistem em criticar, denegrir e macular a imagem de nossa criação, além da minha imagem pessoal, ou seja por mais que se esforcemos não conseguimos entender o ódio de algumas pessoas, o único motivo transparente para mim é a satisfação pessoal ou seja, o “ego” de alguns criadores que não aceitam a divergência de idéias, e não aceitam debater assuntos nos quais eu possa ter opiniões diferentes dos mesmos, além é claro das derrotas nas pistas.

 Exercer a democracia plena é difícil sabemos, mas se formos incapazes de aprender e debater idéias por mais contraditórias que elas sejam frente a frente, jamais progrediremos, seja no campo profissional, ou mesmo exercendo um hobby como é a criação de cães de raça pura.

 Respeitar a vitória dos demais não é tão somente uma questão de esportividade, e sim de ELEGÂNCIA, EDUCAÇÃO E PRINCÍPIOS.

 Roberto Rodrigues Junior

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